Uma Obsessão Incessante com a Aparência
O Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) é como uma prisão da própria imagem, onde a pessoa se sente aprisionada por uma preocupação excessiva e angustiante com um ou mais defeitos percebidos em sua aparência física. Essa preocupação pode ser com qualquer parte do corpo, como nariz, pele, cabelo, peso ou forma do corpo, e muitas vezes é exagerada ou até mesmo imaginária.
A pessoa com TDC passa horas do dia pensando no “defeito”, verificando-o no espelho, buscando tranquilização dos outros, tentando escondê-lo ou comparando-se com outras pessoas. Essa obsessão causa grande sofrimento e interfere significativamente na vida social, profissional e pessoal do indivíduo.
Um Enigma Multifatorial
As causas do TDC ainda não são totalmente compreendidas, mas acredita-se que uma combinação de fatores genéticos, biológicos, psicológicos e sociais contribua para o seu desenvolvimento. Desequilíbrios químicos no cérebro, como alterações nos níveis de serotonina, podem desempenhar um papel importante. Experiências negativas na infância, como bullying, críticas à aparência e traumas, também podem aumentar o risco de desenvolver o transtorno.
A cultura da imagem e a pressão social por padrões de beleza irreais também podem contribuir para o desenvolvimento e agravamento do TDC. A exposição constante a imagens de corpos “perfeitos” nas mídias sociais e na publicidade pode levar a comparações negativas e à insatisfação com a própria aparência.
Libertando-se da Distorção da Imagem
O diagnóstico do TDC é feito por um profissional de saúde mental, como um psiquiatra, através de uma avaliação clínica detalhada. O profissional irá investigar os sintomas, o grau de sofrimento e o impacto do transtorno na vida do paciente. Questionários e escalas de avaliação podem ser utilizados para auxiliar no diagnóstico. O Psicólogo Psicanalista Ádamo Roberto, contribuirá no estudo do diagnóstico junto a equipe médica, sendo que no setting terapêutico o diagnóstico será contribuinte da crescente Análise e nunca empecilho para a mesma.
Quebrando as Correntes da Obsessão
Sándor Ferenczi, um dos pioneiros da psicanálise e colaborador próximo de Freud, desenvolveu uma abordagem terapêutica única que visava, entre outras coisas, libertar o paciente da “distorção da imagem”. Essa distorção se refere à maneira como a pessoa se vê e se relaciona com o mundo, muitas vezes moldada por traumas e experiências negativas do passado.
Reconstrução da autoestima: Ao oferecer um ambiente seguro e acolhedor, a terapia permite que o paciente se sinta valorizado e compreendido. Essa experiência positiva contribui para a reconstrução da autoestima e da imagem que o paciente tem de si mesmo.
Reinterpretação de experiências passadas: O paciente tem a oportunidade de revisitar e reinterpretar experiências traumáticas do passado. Essa reinterpretação permite que o paciente se liberte da carga emocional negativa associada a essas experiências e construa uma narrativa mais saudável sobre si mesmo e sua vida.
Desenvolvimento de novas formas de relacionamento: Ajudar o paciente a identificar e superar padrões de relacionamento disfuncionais. Essa compreensão permite que o paciente desenvolva novas formas de se relacionar com os outros, baseadas em confiança, respeito e autenticidade.
Cultivando o Amor Próprio e a Aceitação
A prevenção do TDC envolve a promoção de uma imagem corporal positiva e realista, livre de padrões de beleza impostos pela sociedade. É importante ensinar as crianças e adolescentes a valorizar suas qualidades internas, a aceitar suas características físicas e a cultivar o amor próprio.
A mídia e a publicidade também têm um papel importante na prevenção do TDC, ao promover a diversidade de corpos e a beleza natural, em vez de padrões de beleza inatingíveis e irreais.
Psicanalista Ádamo Roberto.